|RESENHA| CASA DOS BUDAS DITOSOS
Auto: João Ubaldo Ribeiro
Ano: 1999 / Páginas: 163
Editora: Objetiva
Sinopse
Ao receber, segundo afirma, um pacote com a transcrição datilografada de várias fitas, gravadas por uma misteriosa mulher, o escritor João Ubaldo Ribeiro não podia imaginar o que o esperava.
E o inocente leitor, que sequer pode suspeitar o que o aguarda em cada uma das páginas deste livro. Nelas se conta uma vida. E a suposta autora teria enviado seu testemunho para que fosse utilizado para o volume sobre a luxúria da Coleção Plenos Pecados.
O escritor aceitou o oferecimento e o resultado final está agora diante de você. Que deve preparar-se para um relato pouco comum, às vezes chocante, às vezes irônico, sempre instigante. Na verdade, dificilmente a ficção poderia alcançar os limites do que a devassa senhora viveu e narra em detalhes riquíssimos.
Se o leitor tem alguma dúvida, ela logo se dissipará, neste fascinante mergulho na vida espantosa de uma mulher sem dúvida excepcional, cuja narrativa alcança as dimensões de um retrato sociológico de toda uma cultura e uma geração, envolvendo um dos pecados mais indomáveis, e capitais. A luxúria.
Resenha
Em uma das minhas idas à Biblioteca Central dos Barris (Salvador/Ba) acabei pegando emprestado “A Casa dos Budas Ditosos”. A princípio não dei muito pelo livro, na pressa eu nem sequer havia percebido os detalhes da capa, mas levei o tal livro comigo. Ele tinha sido indicado por uma das bibliotecárias e ela disse que a leitura valeria a pena. Eu acreditei nela e de fato, a moça não mentiu.
O livro faz parte da Coleção Plenos Pecados, uma série da Editora Objetiva, composta por sete livros, cada um representando um dos sete pecados capitais (ira, inveja, gula, luxúria, preguiça, avareza e soberba). Fizeram parte dessa série cinco escritores brasileiros, um argentino e um chileno.
O livro em questão é tecnicamente de autoria do baiano João Ubaldo Ribeiro. Por que tecnicamente? Bem, quando o escritor estava se preparando para escrever o livro que falaria sobre o pecado da luxúria ele foi surpreendido com um pacote em sua portaria contendo várias gravações em fitas cassete e “A Casa dos Budas Ditosos” é uma transcrição dessas fitas, pelo menos é o que o autor diz logo no início do livro, pois há a possibilidade da personagem que narra a história ser apenas uma invenção de João Ubaldo…
A obra conta a história de uma mulher que identifica-se pelas iniciais CLB. CLB é uma baiana de 68 anos que vive no Rio de Janeiro e como o livro fala sobre luxúria, ela nos conta justamente sobre as suas experiências sexuais.
A primeira publicação do livro foi em 1999, então caso ainda esteja viva essa senhora deve ter 87 anos. Logo, ela não viveu o auge de sua vida sexual ontem, mas sim há muito tempo.
CLB foi uma mulher que vivenciou o sexo de forma despudorada. Ela desmente aquela coisa de “no meu tempo não tinha isso”, pois no tempo dela, toda a dita safadeza que existe nos tempos de hoje já existia e era intensamente praticada, a diferença é que de uma forma muito mais disfarçada do que hoje.
Algumas vezes a protagonista pode chocar com os seus relatos e talvez você pense: “meu Deus, ela tem uma vida sexual muito mais animada do que a minha”. Muito provavelmente as práticas sexuais dela são muito mais intensas do que as de muita gente, pois ela realmente era entregue ao sexo. Isso me fez pensar que essa senhora dedicou a sua vida completamente ao ato sexual, pois é realmente essa a conclusão que se chega com a leitura do livro. Eu compreendo que o foco da narrativa é a luxúria, mas sei lá, muitas vezes a personagem narra sua vida como se fosse uma máquina de sexo e apenas isso, a existência dela se resume a sexo e ponto. O que me deixou curiosa para conhecer mais sobre a sua vida, quis saber que tipo de vazio ela buscava tamponar com uma atividade sexual tão intensa. Ou ela não era somente sexo? Quem sabe não existisse vazio algum… Talvez a senhora só gostasse de sexo mesmo... Será que ela quis impressionar contando aquelas coisas? Ela realmente praticou todos os atos contidos no livro? Ela realmente existiu ou era apenas uma invenção de João Ubaldo Ribeiro? Infelizmente não teremos as respostas para essas perguntas.
Indico muito a leitura desse livro, pois ele nos faz pensar que coisas que há muitos anos eram consideradas tabus ainda são, ou seja, quando falamos de sexo, a nossa evolução foi pequena, a nossa sociedade ainda alimenta tabus que já deveriam ter sido superados como o da virgindade, por exemplo.
Então, se você é de Salvador passe na Biblioteca Central e pegue esse livro, com certeza não irá se arrepender. Mora em outra cidade? Procure pelo livro nas bibliotecas, sebos e livrarias da sua cidade. Valorize a literatura nacional!
Por: Eliza

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