|COMENTÁRIOS| RATCHED 1ª TEMPORADA - COMPLETA

Gostaria de começar dizendo que não assisti Um Estranho no Ninho, então Ratched foi meu primeiro contato com a personagem e com sua história, por tanto meu comentário será única e exclusivamente voltado para a série, sem nenhum tipo de comparação com a personagem do filme. 

Mildred Ratched (Sarah Paulson) é uma personagem interessante, logo no primeiro episódio somos apresentados a alguns de seus maneirismos e seu jeito meio distante, algo que é bem explorado nos episódios seguintes. Paulson faz um trabalho maravilhoso dando vida a essa enfermeira determinada, me atrevo a dizer que metade do hype da série é mais por causa da atriz, que atua de uma forma que é inevitável não se sentir ligado a personagem de alguma jeito. 

Para mim, o ponto principal da série foi entender as motivações da Ratched, conciliar suas ações mais positivas, com as mais extremistas, afinal tinha cenas que seu distanciamento e frieza eram palpáveis e outras que ela se mostrava tão humana que até parecia ser uma personagem diferente. O entendimento desses dois “lados” da Ratched e as motivações para que eles se fizessem presentes se desenrolam devagar e até um certo ponto da temporada eles são coerentes, mas infelizmente isso não dura muito e o telespectador se vê jogado em uma trama que pelo menos para mim, perdeu essência e deu lugar a clichês desnecessários. 

Por incrível que parece não é o plot da Ratched que cede aos clichês, mas sim todos os outros a sua volta, principalmente o do Dr. Hanover (Jon Jon Briones), o do Edmund (Finn Wittrock) e o da Lenore (Sharon Stone). Três personagens com potencial e história para o desenvolvimento de um plot poderoso, foram reduzidos a “recursos de choque”, e eu até entendo a falta de desenvolvimento – afinal eles não eram o foco da série – mas honestamente, cada um deles merecia algo muito melhor do que receberam, e isso me decepcionou bastante. 

Mas nem tudo foi decepção, além da atuação excelente da Sarah Paulson, tivemos também Sophie Okonedo entregando tudo no papel da Charlotte Wells. Foi uma atuação brilhante e merece seu devido reconhecimento, as cenas dela tiveram um peso enorme para a trama geral e foi gratificante assistir algo tão real assim. Outra coisa que eu não poderia deixar de falar é sobre a personagem da Cynthia Nixon aka Gwendolyn Briggs, confesso que no início da série eu não dava nada por ela, mas no fim ela se mostrou uma personagem mais que necessária para a própria construção da Mildred e para nós telespectadores entendermos um pouco mais das motivações desta. 

Ryan Murphy sabe o que faz e isso não se pode negar, porém, nessa série em particular em alguns pontos ficou faltando coerência e linearidade. Pode até ser que o que ocorreu seja para justificar a necessidade de uma segunda temporada, mas ainda assim, não anula o fato que a partir de um certo ponto da temporada a série “se perdeu” e se rendeu aos clichês que quem assistiu sabem quais são. 

3 de 5 estrelas.