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|EU VI| CENTRAL DO BRASIL



Data de lançamento 3 de abril de 1998 (1h 53min)
Direção: Walter Salles
Elenco: Fernanda Montenegro, Vinicius de Oliveira, Marília Pêra...
Gênero: Drama

Por: Eliza

Nessa resenha irei discorrer sobre um indicado ao Oscar, todavia não um indicado em 2019, mas sim em 1999, falarei sobre “Central do Brasil”, obra que foi  injustiçada pela premiação norte-americana. Esse filme merecia ganhar não só as categorias a que foi indicado, melhor filme estrangeiro e melhor atriz, mas também muitas outras. Ele deveria levar o Oscar inteiro.

O enredo gira em torno de Dora (Fernanda Montenegro) e Josué (Vinícius de Oliveira) que têm seus destinos cruzados por obra do acaso. Dora escrevia cartas para analfabetos na Estação Central do Rio de Janeiro e um dia a mãe de Josué vai até Dora e a pede para escrever uma carta para o pai do garoto. A partir daí as histórias dos personagens principais se encontram e a trama do filme começa a se desenvolver. Dora é uma mulher que vive sozinha, ao decorrer do filme percebemos que ela foi muito ferida pela vida, parece ter sofrido bastante. O destino, cheio de artimanhas como é, acaba fazendo Josué perder a mãe e Dora então, fica com a incumbência de encontrar o pai do garoto em Bom Jesus do Norte.

A viagem desses dois personagens tão maltratados pela vida é uma série de desventuras capazes de a todo instante, apertar o coração do telespectador, lhe retirando muitas lágrimas. A relação de Dora e Josué é de amor e ódio, ambos sofreram muito e parecem revoltados com o mundo. Há momentos em que um não quer mais olhar na cara do outro, mas o amor, está nessa relação em proporção muito maior do que o suposto ódio, e eles voltam a se apoiar e cuidar um do outro nessa longa jornada até Jesus, pai do menino.

O filme impressiona não só pela atuação maravilhosa de Fernanda Montenegro e de Vinícius de Oliveira, que mesmo não sendo um ator experiente, contracenou divinamente ao lado da grande atriz. “Central do Brasil” nos faz pensar em muitas coisas e uma das principais é o analfabetismo da população brasileira, sei que esse filme é de 1998, mas pensemos bem, isso foi há apenas vinte e um anos e é meio aterrorizante pensar que em 1998, uma pessoa poderia ganhar uma quantia de dinheiro considerável escrevendo cartas para analfabetos. 

Hoje em dia, felizmente o número de analfabetos caiu, mas sabemos que a educação brasileira não é das melhores. Então, ainda há por aí muitos analfabetos funcionais, os que escrevem e leem, porém não conseguem fazer interpretação de texto.

O filme me arrancou lágrimas em vários momentos, eu realmente consegui me conectar com o filme e me identificar com os personagens. Acho que nunca chorei tanto assistindo um filme. Tudo na obra parece ter sido feito com muita delicadeza, de forma a encantar e emocionar o telespectador. É muito bonito ver a forma como Josué idealiza, Jesus, seu pai, e deseja encontrá-lo. Afinal, Jesus é tudo que resta a Josué, porém eu sentia pena de Josué, pois esse pai tão idealizado, não era um décimo do esperado pelo garoto e me apertava o peito pensar na possibilidade de Josué se machucar quando desse de cara com a realidade.

O desfecho da trama, apesar de triste é bem adequado. Tudo parece voltar ao seu lugar. Eu fiquei, a princípio um pouco chateada com o final, todavia depois pude compreendê-lo melhor e perceber que tudo aquilo foi necessário. 

Então, fica a dica para vocês, por favor, assistam esse filme. Eu só não digo que ele é o meu filme nacional preferido, porque existe o “Auto da Compadecida”. Valorizem o cinema nacional!

Nota: 5 de 5 

Confira o trailer do filme abaixo: 

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