|COMENTÁRIOS| SIREN S01XE07 - DEAD IN THE WATER
Por: Amanda Dias
Após o episódio morno da semana passada, a série conseguiu se redimir ao apresentar a melhor performance até agora. O tempo de tela é dividido entre duas narrativas: o interrogatório na delegacia e a corrida contra o tempo para capturar uma sereia na costa de Bristol Cove. Felizmente, ambas conseguem deixar o espectador com os olhos fixos na tela.
Dead in the Water começa com Ryn (Eline Powell) sendo arrastada para dentro da delegacia por dois policiais. Enquanto se debate e vocifera para escapar, atrai os olhares dos ingênuos Sheriff Bishop (Gil Birmingham) e Marissa (Tammy Gillis), que acreditam lidar com uma usuária de drogas. Porém, não demora muito para um deles descobrir a verdade.
Ela entrega os nomes de Maddie (Fola Evans-Akingbola) e Ben (Alex Roe), quando questionada sobre quem teria a ajudado. Afinal, ela não entende as consequências de suas ações e o poder que suas palavras podem exercer sobre o destino do casal, mas será que podemos chama-la de ingênua? É difícil classificar a sereia com os mesmos adjetivos que os seres humanos.
Quando a Bishop é levada para a delegacia, ainda não faz ideia de qual seja o problema. Há uma tensão no ar, o pai está claramente decepcionado com as mentiras da filha, pois eles prometeram nunca mentir um para o outro. Acredito que esconder a existência de uma sereia, que brinca de gato e rato com os militares, é justificável. De qualquer forma, ela sabe que o único modo dele acreditar na história é se mostrar a verdadeira natureza da acusada.
Como revelado no terceiro episódio da série, a criatura apenas se transforma em contato com a água salgada, tornando muito conveniente a existência de um aquário na delegacia. Cético, porém curioso, Sheriff Bishop testemunha a mudança da delicada mão para uma escamosa versão com garras. Há uma analogia entre o mística lenda das sereias e as histórias contadas por seus antepassados sobre metamorfos. Incrédulo, decide libertar Ryn, quem poderia ter se livrado das algemas facilmente com a sua força anormal. Sinto cheiro de furo no roteiro.
O segundo plot é a tentativa de capturar uma sereia liderada por Xander (Ian Verdun). Ele reúne os amigos Chris (Chad Rook) e Calvin (Curtis Lum), além de receber o apoio de Ben, repleto de segundas intenções. Sem pedir a permissão do Capitão Sean McLure (Brian Anthony Wilson), eles roubam o barco pesqueiro e partem em direção as coordenadas onde os navios da Marinha devem estar. O plano é esconder-se atrás do navio e capturar as sereias antes do inimigo.
Para Xander é uma questão de honra pegar de volta a mercadoria valiosa roubada pelos militares, porém sua avareza tem consequências mortais. É estranho pensar naquelas criaturas como produtos valiosos, pois o espectador cria empatia por elas, algumas são mais humanas do que muitos seres humanos.
O que os tripulantes não sabiam era que o Capitão nunca abandona o seu barco: Sean estava dormindo em uma das cabines quando o barulho do motor o acordou. Irritado, ele revela estar se divorciando da esposa e quer dar meia-volta em direção a costa. Entretanto, em meio a neblina avistam a embarcação da Marinha e quase há uma colisão. Tanto cuidado para passarem despercebidos, certo?
Há algo de errado no ar e eles conseguem sentir, afinal, por que não houve nenhuma intervenção por parte da outra tripulação? Seguindo o mesmo caminho que os filmes de terror genéricos, eles decidem investigar. Acabam encontrando sangue, sinais de luta e uma lança branca, mas nenhum corpo. Em um momento de lucidez, decidem que é hora de escapar, porém é tarde demais: é uma emboscada.
Comentei na resenha do episódio seis que um tritão seria introduzido e é ali que faz sua primeira aparição. Interpretado por Sedale Threatt Jr, surge em sua forma selvagem e pronto para cravar lanças nos corações dos humanos. Para a surpresa de absolutamente ninguém, ele trouxe reforço, Donna (Sibongile Mlambo). Nunca fui muito fã dela e o roteiro não tentar mudar a minha opinião. Ela disse a Ryn que mataria os humanos bons e os maus, mesmo se um deles é seu salvador, Chris. Mostrando toda a sua ingratidão, atrai o loiro com sua melodiosa canção, porém é resgatado pelos amigos.
Entendo que as sereias transformadas tendem a ser mais agressivas, porém Ryn diz ajudar Ben por se arrepender de tê-lo atacado, se ela possui essa consciência de certo e errado, Donna não poderia ser grata? Afinal, continuaria presa naquela instalação militar se não fosse pelo pescador.
Durante as cenas finais, Siren mostra qualidade na fotografia, edição e técnica de iluminação, criando uma sequência de cenas que deixam o telespectador na ponta do sofá, tensos. Ao falharem na tentativa de prender o tritão, começa uma corrida contra o tempo para encontra-lo antes que sangue seja derramado. Infelizmente, Sean não consegue escapar de seu destino fatal.
Finalmente podemos ver o talento de Ian e Brian, que compartilham um momento emocionante durante os últimos suspiros do Capitão, que deixa a North Star como herança para o filho. Sem tempo para lamentar a morte dele, Xander toma a decisão de jogar o corpo no oceano e inventar a ocorrência de um acidente. O pai foi arrastado pela correnteza, assim não precisariam explicar o que realmente aconteceu, ninguém acreditaria.
Dead In The Water cumpre o que o título promete. Enquanto encaminha-se para os últimos três episódios da temporada, acredito que Siren tenha tempo suficiente para não deixar pontas-soltas. Com a renovação quase certa, só nos resta aproveitar os últimos embates entre humanos e as criaturas da água, incertos de qual deles possui mais humanidade.

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