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|RESENHA| PIANO VERMELHO



Autor: Josh Malerman
Ano: 2017 / Páginas: 320
Editora: Intrínseca
Nota: 4 de 5 estrelas

Sinopse

Ex-ícones da cena musical de Detroit, os Danes estão mergulhados no ostracismo. Sem emplacar nenhum novo hit, eles trabalham trancados em estúdio produzindo outras bandas, enchendo a cara e se dedicando com reverência à criação — ou, no caso, à ausência dela. Uma rotina interrompida pela visita de um funcionário misterioso do governo dos Estados Unidos, com um convite mais misterioso ainda: uma viagem a um deserto na África para investigar a origem de um som desconhecido que carrega em suas ondas um enorme poder de destruição.
Liderados pelo pianista Philip Tonka, os Danes se juntam a um pelotão insólito em uma jornada pelas entranhas mortais do deserto. A viagem, assustadora e cheia de enigmas, leva Tonka para o centro de uma intrincada conspiração.

Seis meses depois, em um hospital, a enfermeira Ellen cuida de um paciente que se recupera de um acidente quase fatal. Sobreviver depois de tantas lesões parecia impossível, mas o homem resistiu. As circunstâncias do ocorrido ainda não foram esclarecidas e organismo dele está se curando em uma velocidade inexplicável. O paciente é Philip Tonka, e os meses que o separam do deserto e tudo o que lá aconteceu de nada serviram para dissipar seu medo e sua agonia. Onde foram parar seus companheiros? O que é verdade e o que é mentira? Ele precisa escapar para descobrir.


Resenha



Usando a mesma formula que vimos em Caixa de Pássaros em Piano Vermelho, Malerman prende o leitor pela curiosidade, lançando uma parte do mistério no começo do livro e construindo uma narrativa com a finalidade de explicar, revelar a grande jogada, pouco a pouco montando um quebra – cabeças que daria a solução final – mas como em a Caixa de Pássaros, ele não dá. 

Intercalando entre passado e presente, Piano Vermelho traz a medida certa para deixar o leitor ansiando por mais. No núcleo do presente temos o mistério em si e no passado temos a resposta para ele, a cada capitulo alternado chegamos mais perto de descobrir o que diabos aconteceu com Philip Tonka e como ele ficou do jeito que nos é apresentado no início do livro e mais importante, ficamos mais perto de descobrir sobre o Som.

Ao longo da leitura o leitor se vê ao lado de Philip e os Danes no deserto, acompanha a jornada de cura de Philip e até se enxerga vivendo o dilema de Ellen. O medo é real e está conosco a cada página virada, da mesma forma que seu primeiro livro trabalhou com a visão deixando os leitores cegos e ao mesmo tempo ávidos para enxergar, este trabalha com a audição e pelo menos comigo me despertou uma estranha vontade de ouvir o Som, ao mesmo tempo que fugo dele. É isso que Malerman faz, transporta seu leitor para essa realidade suspensa onde o desconhecido não é irreal, e sim algo que pode sim acontecer, uma realidade que justamente por não ser totalmente revelada se torna em certo nível atraente e até cabível, afinal não sabemos o que tem por aí.

Se eu fiquei irritada por ele não ter de fato revelado explicitamente o que era tudo, é claro que eu fiquei, mas entendo que é necessário, é preciso que o mistério se estenda mesmo com o final do livro, pois aí cabe ao leitor decidir se essa ficção está realmente tão distante da nossa realidade assim. 

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